segunda-feira, 5 de julho de 2010

Terebentina


Um borratão vermelho olhava na minha direcção. Sabia quem eu era. Vai daí pergunta
(eu percebia um ligeiro tremor no olho esquerdo! Seria medo?)
Terebentina, quem era Terebentina?
Edgar responderia frenético, a minha água, Terebentina era a minha chuva interior.
De seguida edgar escarraria no chão, ao lado dos pés dele e afastar-se-ia. Subisse a rua mil vezes e ainda assim não se veria livre do borratão vermelho. Merda, como estou cansado… abordando um transeunte perguntaria ó pá, tens um ciagarro e o gajo a modos que de mau humor, eu, aceitando, nem um obrigado. Risca um fósforo e fuma-o dum trago. Mas enquanto o faz olha a cidade vestida de sujo. Pisca muito os olhos como se não fosse feliz. Edgar escarraria ainda outra vez e uma patrulha de polícia afastá-lo-ia dali…

Nuno Monteiro

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“ A cultura assusta muito. É uma coisa apavorante para os ditadores. Um povo que lê nunca será um povo de escravos.”

António Lobo Antunes

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