domingo, 18 de julho de 2010

A borboleta que arranca a vida

Enquanto ela fervilha e alcança
A acácia negra habita os céus e estranha a doença
Ela não foge nem alcança – ((a vida é só um imenso salpicar de areia saltando da cachoeira))
Essa negra erva que galga esse delírio;
Esse colírio;
Esse pequenino pardal;
Asas puídas de um papel às cores (das minhas barbas ouço que se me rasgam as saias)

Como será possível deitar-se perdidas umas flores tão belas?
Onde foste buscar esse sorriso ?
E as tuas negras saias de folhos…
(Auroras verdes azuis culminando o vazio saltitando ao frio)
Por enquanto bordadas a linho!
Adiante, na berma do carreiro
Ao fim da noite
Um pedaço de calor te tocará
O ventre! (meu inteiro! como eu quero esse ventre quente esse suave ausente…)

Serás um chorrilho de água e um moinho de pedra molar
(habitarás insana uma pedra inculta! Uma muito longa noite…)
Olvidarás uma framboesa selvagem
Erguendo o vazio
Desses olhos de águia…

Despencará às loucas pelo céu acima
O azul celeste da borboleta que arranca a vida…

Rocamadour

retirado de: http://feminino-singular.blogspot.com/

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“ A cultura assusta muito. É uma coisa apavorante para os ditadores. Um povo que lê nunca será um povo de escravos.”

António Lobo Antunes

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