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sábado, 29 de agosto de 2009

A violência e o escárnio


(...) - Estava à tua espera, meu príncipe! disse ela. Sonhei contigo a noite passada. Ias montado num cavalo branco e matavas um dragão medonho. Mas o dragão voltava a nascer de cada um dos teus golpes, e nunca morria. E nessas ocasiões, tu, príncipe, rias-te como um perdido... E eu bem sabia por que razão te rias. Na verdade, não querias matar o dragão; o dragão divertia-te tanto que não o querias matar. (...)

Albert Cossery, a Violência e o escárnio, tradução de Júlio Henriques edição Antígona

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Noite Pura


Os ameados terraços brancos recortam-se secamente sobre o alegre céu azul, gélido e estrelado. O norte silencioso acaricia, vivo, com a sua pura grandeza.

Todos julgam que tem frio e escondem-se nas casas, fechando-as. Nós, Platero, vamos devagar, tu com a tua lã e com a minha manta, eu com a minha alma, pela límpida aldeia solitária.
Que força interior me eleva, como se eu fosse uma torre de pedra tosca com cúpula de prata! Olha, quantas estrelas! De tantas que são, dão-nos tonturas. Dir-se-ia que o céu reza à terra um rosário aceso de amor ideal.
Platero, Platero! Daria toda a minha vida e ansiaria que tu quisesses dar a tua, pela pureza desta alta noite de Janeiro, erma, clara e dura!

Platero e Eu, Juan Jamón Jimenez
“ A cultura assusta muito. É uma coisa apavorante para os ditadores. Um povo que lê nunca será um povo de escravos.”

António Lobo Antunes

Prémio Histórico - Filosóficas