Esses livros teus são uma merda! Quanto eu não daria por um papagaio de abas largas, um arco íris. Tinha uma tesoura na mão com a qual cortava os livros aos pedacinhos… recortava pequenos quadradinhos e atirava-os à sanita.
Nunca te entenderei, che!
Se eu tivesse um papagaio, usá-lo-ia numa noite de forte vento e evadir-me-ia…
Pois! Isso também não entendes… a máquina infernal que é o livro, o espalha brasas, a monumentalidade e a religiosidade…
Eu, se me fosse dado um momento, um terraço livre, e um punho de vento, iria com o arco íris…
Vais acabar por entupir a merda da sanita!
Melhor assim, mas que seja durante a noite, quando os cabrões dos guardas estiverem bem ferrados no sono… uma algazarra dos diabos, um chinfrim maluco… ele era assim, nem lia nem escrevia, mas sonhava as pequeninas situações que, pouco depois, tomavam lugar…
E contudo dizia, (a mim algo me diz que de propósito)
Esses teus livros são uma merda!
Por dentro de Edgar, medrava a vontade férrea de se agarrar à escrita…
Nuno Monteiro
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