segunda-feira, 5 de julho de 2010

Edgar

Silêncio
Um não contundente ao fim da vista
Uma folha que esvoaça por cima da lufada de ar
Uma pistola
Uma agonia
Terebentina, a cadela, não pára de latir (talvez assustada)
Ele que a não ouve, não a poderá nunca ouvir
Face rubicunda, um musgo verde cinzento brotando da humidade do dia
Dentes serrilhados, há muito mortos
Um fogacho de luz anuncia o inverno
Outra vez a pistola
Como é que ele descobriu o momento
Do som do trovão?
Terebentina cai ao chão
A língua encostada à terra

Ele
Silêncio
O mundo jaz a seus pés, iracundo, nunca lhe dando nada.

Baldes e baldes de chuva enchem os carreiros de pedras e lama…


Nuno Monteiro

Sem comentários:

“ A cultura assusta muito. É uma coisa apavorante para os ditadores. Um povo que lê nunca será um povo de escravos.”

António Lobo Antunes

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