Vou falar-lhes dum reino maravilhoso. Embora muitas pessoas digam que não, sempre houve e haverá reinos maravilhosos neste mundo. O que é preciso, para os ver, é que os olhos não percam a virgindade original diante da realidade e o coração, depois, não hesite.
…
Vê-se primeiro um mar de pedras. Vagas e vagas sideradas, hirtas e hostis, contidas na sua força desmedida pela mão inexorável dum Deus criador e dominador. Tudo parado e mudo…. De repente, rasga a espessura do silêncio uma voz de franqueza desembainhada:
-Para cá do Marão, mandam os que cá estão!...
Sente-se um calafrio. A vista alarga-se de ânsia e de assombro. Que penedo falou?...
Mas de nada vale interrogar o grande oceano megalítico porque o nume invisível ordena:
-Entre!
A gente entra e já está no Reino Maravilhoso.
O meu Trás-os-Montes, minha terceira terra, são as veigas e as penedias, são os carreiros de cabras e os caminhos das linhas de água, são as serras e a urze, o amargo do inverno e o inferno de calor. Pulso de vida ao ler este texto de Miguel Torga. Da mesma forma pulso de vida ao olhar os cumes graníticos de Arnal ou ao contemplar cedinho na manhã o nosso majestoso Marão. Que serra belíssima, que paraíso contido, que acendalhas brutas e indomáveis, são pedras que ganham forma de pessoas, altaneiras, majestáticas, telúricas, ricas, ríspidas, verdadeiras. Sobretudo verdadeiras.
Excerto de Portugal, Miguel Torga. Pobres comentários meus após quinze anos de permanência.
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Vê-se primeiro um mar de pedras. Vagas e vagas sideradas, hirtas e hostis, contidas na sua força desmedida pela mão inexorável dum Deus criador e dominador. Tudo parado e mudo…. De repente, rasga a espessura do silêncio uma voz de franqueza desembainhada:
-Para cá do Marão, mandam os que cá estão!...
Sente-se um calafrio. A vista alarga-se de ânsia e de assombro. Que penedo falou?...
Mas de nada vale interrogar o grande oceano megalítico porque o nume invisível ordena:
-Entre!
A gente entra e já está no Reino Maravilhoso.
O meu Trás-os-Montes, minha terceira terra, são as veigas e as penedias, são os carreiros de cabras e os caminhos das linhas de água, são as serras e a urze, o amargo do inverno e o inferno de calor. Pulso de vida ao ler este texto de Miguel Torga. Da mesma forma pulso de vida ao olhar os cumes graníticos de Arnal ou ao contemplar cedinho na manhã o nosso majestoso Marão. Que serra belíssima, que paraíso contido, que acendalhas brutas e indomáveis, são pedras que ganham forma de pessoas, altaneiras, majestáticas, telúricas, ricas, ríspidas, verdadeiras. Sobretudo verdadeiras.
Excerto de Portugal, Miguel Torga. Pobres comentários meus após quinze anos de permanência.
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