domingo, 5 de outubro de 2008

O Barão - Branquinho da Fonseca



O Barão ergueu-se, fitou-me e disse, de repente triste:
- Vamos beber por uma mulher.
Levantei-me também. Foi ao tal armário e trouxe uma garrafa de champanhe. Berrou:
-Taças!

E ergueu a taça que transbordava.

A que mulher?
- À única!

Mais tarde tive notícias dele. Mandava-me dizer que lá me esperava.
Sim, Barão!... Hei-de voltar, um dia. E havemos de tornar a perder-nos pelos caminhos sombrios do nosso sonho e da nossa loucura; e mais uma vez havemos de cantar às estrelas, e dar a vida para ires depor outro botão de rosa lá na alta janela da tua Bela - Adormecida!...

O Barão, Branquinho da Fonseca

Da serra do Barroso, com um sentido telúrico possante, um conto maravilhoso, para que ninguém fique recostado sem o conhecer.

Sem comentários:

“ A cultura assusta muito. É uma coisa apavorante para os ditadores. Um povo que lê nunca será um povo de escravos.”

António Lobo Antunes

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