quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Felizmente há luar - Luís de Sttau Monteiro



Ensina-se-lhes que sejam valentes, para um dia virem a ser julgados por covardes!
Ensina-se-lhes que sejam justos, para viverem num mundo em que reina a injustiça!
Ensina-se-lhes que sejam leais, para que a lealdade, um dia os leve à forca!

(levanta-se)

Não seria mais humano, mais honesto, ensiná-los, de pequeninos, a viverem em paz com a hipocrisia do mundo?

(Pausa)

Quem é mais feliz: o que luta por uma vida digna e acaba na forca, ou o que vive em paz com a sua inconsciência e acaba respeitado por todos?



Todos somos Cristo, Reverência, e todos começamos pela esperança de que se realize o que há de Cristo em cada um de nós.
A uns mata-lhes a vida a esperança, a outros matam-na os que em seu nome falam, tendo-a já perdido…
Mas há quem escape, Reverência, quem chegue ao fim da vida com o seu Cristo tão intacto como no dia em que nasceu.
Esses morrem na forca ou apodrecem nas prisões, não vá a sua presença incomodar a burocracia de Deus!

Luís de Sttau Monteiro, Felizmente há luar

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“ A cultura assusta muito. É uma coisa apavorante para os ditadores. Um povo que lê nunca será um povo de escravos.”

António Lobo Antunes

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