sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Âncora

Dedilho e entrego-te todo o meu ouro
Na vã esperança de que me leias
Na acolhedora segurança de um porto seguro
Sempre que por dentro me sinto tão irado.

E é sempre com outros olhos
Com os olhos de um outro espelho
Com os olhos verdes com que me olhas
Sempre, para sempre esse teu olhar.

E um hino à eternidade
Uma ode ao teu sentido completo
Uma carta tão plena de vida
Um verso a mais pelo dia dos teus anos.

E tu, minha mulher, todos os meus espelhos
Todas as estradas vão dar a ti
E sempre a ti retornarei
Sempre a ti chegarei, cansado e confuso…
Depois desta vida aos solavancos, depois deste caminhar esganado, deste trinado selvagem.

Serás tu, eternamente!
Na esperança de que me leias
Na esperança de que me acolhas
Na esperança de que me abraces.

Nuno Monteiro

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“ A cultura assusta muito. É uma coisa apavorante para os ditadores. Um povo que lê nunca será um povo de escravos.”

António Lobo Antunes

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