domingo, 5 de outubro de 2008

Olhos verdes

Tua pele
Minha cruzada
Todo insensato
Ainda mais que palavras, um monte
Vento, matilha, saudade, afago
Ainda e sempre o meu ocaso feliz, minha arca de Noé

A raiz da minha alma, o meu todo vapor
Navegam incólumes as montanhas da minha alma
Como se fossem penedos, como se fossem gaivotas
Como tu minha estrela, como tu minha guia, alvor nítida luz

E eu, aqui, surpreso, confesso, humilde
Terra, milhafres, penedos, a ti
A ti, minha alforreca, a ti minha pequena lua, nas noites de madrugada
Em que deitados, olhando saudosos, cruzamos os mares e no fundo de um abraço

Eu me encontro, todo, teu,
Tu, tua, minha
Amor
Amor,
Ainda mais que palavras, um altar
Ainda mais que tudo
Minha trémula justiça
Minha surpresa de azul
Oceano de encanto e num clímax de beatitude
Eu e tu explodimos num coito infinito debruado de colinas, searas e brisa, da cor das flores, da alvura do eterno, nos cheiros dos carvalhos.

Nuno Monteiro

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“ A cultura assusta muito. É uma coisa apavorante para os ditadores. Um povo que lê nunca será um povo de escravos.”

António Lobo Antunes

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