sexta-feira, 18 de junho de 2010

A maioridade

Clara erguia acima dos pés. Curtos pró pequenito. Belos. Por vezes voraz, assistia sem parar, ao vulcão que a bordava. Toda ela era magma. Escarlate da cabeça aos pés, por vezes viúva, outras vezes vozeirão, quase sempre menina, encantada pese embora, suave e ausente, como só o sabe ser, quem está sempre presente… e chegava e dizia! Trago um presente… e quando a gente vai ver, não é senão um cândido, lume, quase ausente. Porém, Clara, paciente, ousava despir e dizer! Vem… saber quem sou! como faço aqui… ou então, quase insolente… Clara pedindo… move meus ombros… mistura a minha vida… dispa as minhas calças!
Sabes ao que venho! À casa dos budas…
E um sorriso belo, calmo, sabia ao que sabia! Clara totalmente. Como sempre! Quase ausente…

Nuno Monteiro

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“ A cultura assusta muito. É uma coisa apavorante para os ditadores. Um povo que lê nunca será um povo de escravos.”

António Lobo Antunes

Prémio Histórico - Filosóficas