Levantara-se cedo e saíra de casa, vogando pelas ruas e caminhos, deixando cair as lágrimas, ansiando pela aurora, lutava, estugava o passo, enrubescia, batia às portas e ouvia ao longe as sirenes, as pálidas noites de outrora, calcorreava os caminhos e não mais se lembraria de como chegaria a casa, todos lhe sussurravam, a ninguém se sentia obrigada, a todos atenderia, O vento, lembrando o Outono, vinha bater às praias, de mansinho, e era como a avó, que lhe oferecia, pela manhã, pão com manteiga, e só então lembrava, quebrada, esse martírio que a trazia, presa, viva.
Chega um cão e roça-lhe a saia, ela afaga-o e de imediato o olha e então o cão sabe que ela lhe pergunta Quando chega a aurora? ao que o cão lhe responde não é coisa que me interesse prefiro que os Homens durmam ela sorri e lembra Edgar, o filho, esse andarilho que lhe virara as costas e vivia na rua da rua para a rua? E então o cão sorri e diz-lhe anda, percorramos juntos estas miseráveis correias… O vento fazia rodopiar as folhas dos carvalhos até junto dos seus pés vazios. Da mesma forma esperava que entre as folhas, uma das folhas, trazida por esse vento, entre as folhas a folha, uma lágrima, o filho. Esperava e calcorreava.
Nuno Monteiro
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