Terça – feira, 03 de Agosto. São oito e meia, olho a praia e ainda descubro lá gente, uma fina língua de areia por entre branco de muros, argila de telhados, daqui donde me encontro ouço-as, às ondas, rebuliças, como quem convida…
São nove horas, fico olhando o mar que deixa passagem livre a um pequeno barquito que navega à vista, como uma candeia, quem será que o guia?, se fosse minha, a vontade do pequeno barco, voltava a popa ao mediterrâneo e aportava a todas as praias, coleccionando conchas, alegorias…
Nove e meia e tal como eu, todas as janelas olham o mar. Todas as fachadas, todas as portas. Lembra uma praça de toiros que espera a arremetida da onda e, que, com medo, atrasa o relógio com receio da partida. Do Verão.
Oito e trinta e pelos telhados, uma esgrima de gaivotas, andaluzes, polvilham todo esse imenso ar de grasnidos, de chocalhos, de brinquedos. Serão elas as donas da noite? Não me decido. Espero. Entra uma brisa fresca, molhada, iodada?
Nove horas, será o mesmo barquito?, vai bolinando e às tantas mergulha, some-se por detrás da falésia, como a noite, não a ouço, apenas a vejo, brame, altos berros, umas pernas esguias, negras, abrasadoras…
Quase dez horas, é ainda verão, não tenho dúvidas, os cheiros, as borrachas, os vidrões, os calções, os pés descalços, os gelados, os barulhos, os rumores, será verão ainda por bastante tempo, a arena ri e aplaude. Rejubila!
Partilho a casa com um par de espanhóis. Madrilenos, creio eu. Ele, alto, magro, cabelo ruivo. Ela, ainda mais alta, loura, magra, os mesmos calções, os mesmos chinelos. E um cão lãzudo que de noite, pinta de som o soalho do quarto onde dorme.
Dez horas, noite cerrada, um mar muito húmido, uma estrela cadente. Durmo.
Nuno Monteiro
São nove horas, fico olhando o mar que deixa passagem livre a um pequeno barquito que navega à vista, como uma candeia, quem será que o guia?, se fosse minha, a vontade do pequeno barco, voltava a popa ao mediterrâneo e aportava a todas as praias, coleccionando conchas, alegorias…
Nove e meia e tal como eu, todas as janelas olham o mar. Todas as fachadas, todas as portas. Lembra uma praça de toiros que espera a arremetida da onda e, que, com medo, atrasa o relógio com receio da partida. Do Verão.
Oito e trinta e pelos telhados, uma esgrima de gaivotas, andaluzes, polvilham todo esse imenso ar de grasnidos, de chocalhos, de brinquedos. Serão elas as donas da noite? Não me decido. Espero. Entra uma brisa fresca, molhada, iodada?
Nove horas, será o mesmo barquito?, vai bolinando e às tantas mergulha, some-se por detrás da falésia, como a noite, não a ouço, apenas a vejo, brame, altos berros, umas pernas esguias, negras, abrasadoras…
Quase dez horas, é ainda verão, não tenho dúvidas, os cheiros, as borrachas, os vidrões, os calções, os pés descalços, os gelados, os barulhos, os rumores, será verão ainda por bastante tempo, a arena ri e aplaude. Rejubila!
Partilho a casa com um par de espanhóis. Madrilenos, creio eu. Ele, alto, magro, cabelo ruivo. Ela, ainda mais alta, loura, magra, os mesmos calções, os mesmos chinelos. E um cão lãzudo que de noite, pinta de som o soalho do quarto onde dorme.
Dez horas, noite cerrada, um mar muito húmido, uma estrela cadente. Durmo.
Nuno Monteiro
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