sexta-feira, 10 de julho de 2009

Plágio, roubo, colagem, esboço… fumo?; engano!


Sabes! (o olhar senta-se grave e exala um sorriso de fumo que conforta ao cofiar as mãos inquietas) um homem é apenas um homem e entretanto consigo lembrar com exactidão esse teu conceito pequeno burguês essa tua imagem precisa imprecisa – espero por ti no cemitério!!! Espero por ti no cemitério?? Pois bem, a propósito de abóbadas e de faces…
“Já conheço uma pessoa famosa”! Que estás a fazer! “Porque tu constróis essa cara dessa maneira e assustas as pessoas!” Mas que posso eu fazer… papá eu sou uma pessoa famosa? E o papá sufragado em silêncio não responde ou faz de conta que… para que te interessa não saberes nada … de que te vale ouvires e falares … arquitectares sons que só de triciclo lembrarão os céus!... os teus céus! Essas vistosas abóbadas ; essas faustosas e púrpuras sangrias; essas verdades doentias; os cristais do mundo. Os cristais do mundo quando se alojam nos intersstícios dos teus rins causam dor e desarrumação – que verte sangue negro duma urina de mundo… O mundo que te dói! Esse mundo etéreo que frinchas quando sonegas o sol e te privas de sossego. Quão sagaz! Um tudo nada imbecil. Já conheço uma pessoa famosa!!! E dito isto não dá os saltinhos que fariam dela uma verdadeira dama, não emite os guinchinhos que fariam dela uma autêntica moçoila nem se compromete com espaço algum. papá eu não sou uma pessoa famosa… um fresco que perdeu verdura e que esmoreceu definhando… o pai que morde o lábio julgando este meu miúdo é um perfeito imbecil. E aborrece-se de morte porque lhe antevê futuro algum – vou ter que o gramar em minha casa para sempre – e este para sempre é imenso para sempre é um tempo lato lato lato como se de eternidade ele tudo soubesse e sentisse; a minha eternidade cabe num espaço de tempo de um segundo. O tempo que eu sinto está espelhado no céu estrelado e tem tanto tempo quanto luz das estrelas. Luz e tempo: Neve. De súbito sou socorrido pela morte que se esconde atrás da tábua – da tábua donde sinto emitir um sorriso. Esse pequeno sorriso que é tão calor. Esse breve momento que se incrusta no firmamento e faz de mim eterno. Nisso tens razão. Nesse esmigalhada virtude cabe a minha pessoa! É por intermédio de ti que me julgo famoso. É por teu sufrágio e por teu adágio. Essas vistosas abóbadas – esses perenes cumes de neve. a quase morte e de súbito o calor… mas em contraponto a face irada a face de desgosto, a face e os olhos ameaçando – como na montanha um trágico belo que de impaciência julga que conhece todo o tempo – papá serei alguma vez uma pessoa!? E o papá soberbo duvidando do papá irado olhando o filho como se olha a ele o papá que é todo incorruptível – não te deixo fazer refeições muito próximas umas das outras – não te quero engordado, não te posso aturar, não tenho paciência não sei viver sem ti, não sei viver sem ti, não sei viver, não sei viver, não sei, não sei não sei não seinãoseinãoseinãosei… como um perfeito louco ou demente olho em todas as direcções e apalpo todas as tuas entranhas – como um louco demente apagando as mentiras e os poços como um louco eleito alheado de tudo, vivendo de subterrâneos e de borco dormindo, Um sono apagado! Uma garrafa partida de um vidro fosco algarvio e ao fim do tempo um discurso. Um púlpito! Um rei!
Pudera!...um silvo que é de alívio! Pudera; enquanto rei poderei ter quantas amas quiser. Porém como rei poderei enviar quantos se atreverem para as colónias. As pequeninas formigas só respeitam a dor seguida da forca… Será que terei eternidade. Tempo. Escreverei cartas e galoparei de lusco-fusco alado. Alarde! Albarda! Papá se correr demasiado ou demasiadamente depressa sinto barras em toda a volta de mim. papá?! Não sentes como eu que a injustiça dessas barras. Papá não sentes como eu que o turbilhão da normalidade te derruba do corcel… não sinto forças para lutar contra o turbilhão da normalidade. Não sinto calor nem fraternidade. Não! A normalidade é do tamanho da nossa finitude. É do aspecto da tua dor. Não admira que esperemos uns pelos outros no cemitério. Não admira…


Nuno Monteiro

1 comentário:

Princesa Bé disse...

alôooooooooo

volta.....................

kiss

“ A cultura assusta muito. É uma coisa apavorante para os ditadores. Um povo que lê nunca será um povo de escravos.”

António Lobo Antunes

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