Poderão tantos estar errados? Arcará a classe com todos os desmandos que o país se lembrar de lhes pedir? Nunca em tão pouco tempo se fez tanto para atirar tantos ao poço! E não pode ser de ânimo leve que se mexe com o coração e a alma de uma sociedade. Tão pouco com leviandade. Ou com o sentido de desgraça iminente. Nunca em tão pouco tempo se precipitaram tantos para a reforma. Como hei-de eu chamar a um país que não dá oportunidade aos jovens e ao mesmo tempo prescinde dos seus mais experimentados? Ou que abandona os seus velhos? Como hei-de eu tratar dum país que coloca por atacado consoante as cores partidárias e de acordo com o grau de parentesco ou meramente consoante a cunha do pedido e da bajulação?
Que hei-de eu dizer de um país que desbarata os seus valores sagrados ao afastar quadros e quadros das escolas para se contabilizarem uns dinheiros a mais e que joga enfaticamente o dinheiro dos contribuintes na roleta em que as bolsas mundiais se tornaram? Que remédio haverá para uma pátria onde se não sancionam os malabaristas ou onde se não fomenta a educação? Despida de justiça e em vias de desbaratar todo um sistema de ensino. Ou onde se tratam as pessoas como meros números contabilísticos.
Algo correrá bastante mal para que tantos tenham cara feia, tantos se sintam insatisfeitos, tantos peçam reformas adiantadas perdendo dinheiro porque não aguentam a subversão de valores. E algo correrá ainda pior se se não reinventar este ciclo que nos vai afundando cada vez mais num poço sem fundo, como numa espiral de loucura onde a cada dia se perde mais a razão.
Alguém fará o favor de me dizer por que razão eu pressinto olhares profundos e olheiras cavas nas faces ainda ontem esbeltas de quase todos os meus compatriotas! E que dizer dos nossos alunos. Até eles, pobres coitados se sentem embalados por uma mão quase invisível que terá tanto de dócil como de maléfico. Até eles sabem conscientes para que espécie de logro os estão a empurrar. Saberão os pais? Sim porque os pais, n o seu autismo – ou deverei dizer luta diária, os pais que deixaram de contactar com os filhos e que os olham cada vez mais preocupados, até eles se sentem perdidos neste paúl em que nos sabemos mergulhados.
Há, indiscutivelmente, sinais sociais preocupantes que nos estão a passar despercebidos. A autoridade nas ruas está perdida, a autoridade nas escolas também e há bastante tempo, o sentido de participação democrático sofre de uma letargia perniciosa, o nosso sistema nacional de saúde não funciona de igual forma para todos, os nossos políticos reúnem cada vez mais sozinhos e entre eles. Prenúncio de desgraça. E não há-de tardar muito. A república em perda.
Um investimento em larga escala na figura humana do professor, um retorno aos valores da reflexão e do humanitarismo, a vida do homem pelo homem, políticas voltadas e centradas no cidadão comum, na sua formação humana, políticas que protejam a família, esse farrapo que tanto se tem descuidado. Como pretenderão eles construir ou melhorar a sociedade tendo-se dado passos irresponsáveis que levaram ao enfraquecimento do núcleo duro familiar? Ou será que agora se julga que um homem saudável se cria dum plano burocrático de dois pais sem tempo nem paciência.
Quanto a mim, e assim acabo esta narrativa que já vai longa, se o homem se não conseguir reinventar recentrando-se enquanto pai e educador, creio que todo o castelo frágil e ténue que almejámos já ter conseguido alcançar ruirá num movimento massivo de perda de consciência social.
Nuno Monteiro
Que hei-de eu dizer de um país que desbarata os seus valores sagrados ao afastar quadros e quadros das escolas para se contabilizarem uns dinheiros a mais e que joga enfaticamente o dinheiro dos contribuintes na roleta em que as bolsas mundiais se tornaram? Que remédio haverá para uma pátria onde se não sancionam os malabaristas ou onde se não fomenta a educação? Despida de justiça e em vias de desbaratar todo um sistema de ensino. Ou onde se tratam as pessoas como meros números contabilísticos.
Algo correrá bastante mal para que tantos tenham cara feia, tantos se sintam insatisfeitos, tantos peçam reformas adiantadas perdendo dinheiro porque não aguentam a subversão de valores. E algo correrá ainda pior se se não reinventar este ciclo que nos vai afundando cada vez mais num poço sem fundo, como numa espiral de loucura onde a cada dia se perde mais a razão.
Alguém fará o favor de me dizer por que razão eu pressinto olhares profundos e olheiras cavas nas faces ainda ontem esbeltas de quase todos os meus compatriotas! E que dizer dos nossos alunos. Até eles, pobres coitados se sentem embalados por uma mão quase invisível que terá tanto de dócil como de maléfico. Até eles sabem conscientes para que espécie de logro os estão a empurrar. Saberão os pais? Sim porque os pais, n o seu autismo – ou deverei dizer luta diária, os pais que deixaram de contactar com os filhos e que os olham cada vez mais preocupados, até eles se sentem perdidos neste paúl em que nos sabemos mergulhados.
Há, indiscutivelmente, sinais sociais preocupantes que nos estão a passar despercebidos. A autoridade nas ruas está perdida, a autoridade nas escolas também e há bastante tempo, o sentido de participação democrático sofre de uma letargia perniciosa, o nosso sistema nacional de saúde não funciona de igual forma para todos, os nossos políticos reúnem cada vez mais sozinhos e entre eles. Prenúncio de desgraça. E não há-de tardar muito. A república em perda.
Um investimento em larga escala na figura humana do professor, um retorno aos valores da reflexão e do humanitarismo, a vida do homem pelo homem, políticas voltadas e centradas no cidadão comum, na sua formação humana, políticas que protejam a família, esse farrapo que tanto se tem descuidado. Como pretenderão eles construir ou melhorar a sociedade tendo-se dado passos irresponsáveis que levaram ao enfraquecimento do núcleo duro familiar? Ou será que agora se julga que um homem saudável se cria dum plano burocrático de dois pais sem tempo nem paciência.
Quanto a mim, e assim acabo esta narrativa que já vai longa, se o homem se não conseguir reinventar recentrando-se enquanto pai e educador, creio que todo o castelo frágil e ténue que almejámos já ter conseguido alcançar ruirá num movimento massivo de perda de consciência social.
Nuno Monteiro
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