Sei dum barco e do seu capitão
E duma concórdia mansa
Do silencioso salitre
Como uma bomba cinzenta…
Sei dos olhos do capitão
Sorrisos de choro
Um enxame de corvos…
A mulher morta debruçava o altar e dedos trémulos abraçavam a santinha…
Sei do peso… da fome e dos sonhos!... em joelhos dobrados!
Sei da vida… essa podre insensatez!
Da pele gretada e do salgado no mar
Navegava às escuras por sobre um manto de estradas
Arengava as débeis mãos às estrelas
Que o nunca ouviam!
(o barco que não é um barco e o capitão decapitado numa imbecil trincheira)
O deserto tira a sede mas é a traição quem sepulta a bandeira…
Esmorecia a santinha por sobre a morte da mulher que se esticava ao altar
Ele!
Ele apenas queria incentivar as pequeninas luzes!
Nuno Monteiro
Imagem: Paula Rego - Three blind mice
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