Sem ele, o mundo era menos um. Para aquele só soldado, a Terra tinha deixado de dar frutos. O Sol se punha e os olhos pediam perdão. Suas forças se redimiam encostadas ao travesseiro. A noite seria longa. Estrelada, sem luar.
O que mais o perturbava era o facto de não estar em nenhum lado. Via o Sol a sumir por debaixo duma linha que parecia não ter fim.
Ele se tinha esgueirado para um buraco bem fundo, bem longe de si. Era dele o casaco cheio de medalhas e de condcorações. Só ele e o abismo em que se afundou - a maldade do outro lado da linha nifinita.
Fugiu, escondeu, matou e se defendeu... A Alma não lhe soprava no peito.
A avenida era a cama que nunca teve. Mais confortável que a terra batida dos caminhos repisados pelos carros de combate. A folha de jornal fornecia-lhe o conhecimento... a folha de jornal não seria o sonho?... parecia-lhe impossível não haver um fruto dentro de si...
Em seus olhos as ruas permaneciam vazias silenciosas e intactas. Dir-se-ia que se conservara até ali... até à vida... até à linha infinita!
Bárbara Patrício
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