quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Um lugar ao amanhecer



Há uma janela no quarto por onde ele olha o dia que só agora se mostra. Vê o céu em sangue que se espreguiça por entre uma espessa cortina de nuvens. Não tens vergonha!? Amanhece agora todos os instantes da imaginação e ele olha condoído a brisa fresca do novo dia que começa. Ainda salpicam as luzinhas da rua e dos postes. Das casas incumbem-se moradas e valentes… cruzam os céus por baixo das nuvens as aves iradas essas matizes voadoras. Por trás do sol nasce um vermelho belo áspero como a dor… o belo horrível encontram-se ali – por detrás daquele momento ao instante daquele lugar.
É o meu sol aquele sangue que só agora desponta. É esconso o dia daquele sol que se anuncia encarnado. Brilha intenso quando anuncia algo de novo. Lá longe por detrás dos montes por detrás da floresta. Adormecem os gnomos e escondem-se de novo
Impossível fazer palavras a retinir no que ele vê. Impossível fechar os olhos… agora a natureza morta deu lugar a uma vivacidade de luz e vibração. O dia nasceu. Por meio daquela pequena janela. Por meio das nuvens o sangue da luz cessa todo o encarnado e vai olhando para o amarelo… da terra e dos montes brota agora um matizado púrpura que eu sinto lilás!
Há uma janela por onde ele passa o dia!
Do meu lado do vidro mora um silêncio abrasador
É o meu sangue aquele sol que tão raro desponta! Em tão pouco lugar se derrama o dia…

1 comentário:

Princesa Bé disse...

Gostei das cores, de as sentir e de "ver", que por trás do sol... ainda tens um bocadinho de esperança...

“ A cultura assusta muito. É uma coisa apavorante para os ditadores. Um povo que lê nunca será um povo de escravos.”

António Lobo Antunes

Prémio Histórico - Filosóficas