sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Os muros e os rios


Do sol veio o sal
E do sal surgiste tu
Vieste descalça como o vento
Chegaste defronte como ébano
Trazias cabelos flamejantes na noite
Sorrisos os olhos de um verde de mar
E nos olhos um sorriso

Chegaste comedida
Foste fogo foste lume que rasgou
Ficaste impressão indelével no espírito da terra
Tu, sal da minha vida
Ébano e tentação
Serás vida serás morte?

A morte não ri como tu
Do sol vem a vida
A morte não aquece nem se move como tu
Do sal só teus lábios
Dos teus pés descalços e das tuas sarças de fogo
Só o sal chora os muros e os rios
Nuno Monteiro

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“ A cultura assusta muito. É uma coisa apavorante para os ditadores. Um povo que lê nunca será um povo de escravos.”

António Lobo Antunes

Prémio Histórico - Filosóficas