segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Aurora


As mãos grandes da broa do suor
Da mulher disforme e do trinado de luz
Do escuro da lareira e do avançado na noite
Os Golias do mar à mesa do luar
Percorre-os um frémito, calcorreia-os essa mesma vontade
Ouvi-os!
São grandes, ímpios de justiça
Partirão
Soltam as vozes com que comandam a madrugada
Erguem as taças e cumprimentam-se também
Cortam a broa e regam com mel
Ouvi-os
São lívidos de justiça, são das alturas do mar
Somem-se na refrega da primeira vaga
E entregam alvíssaras
Ulisses!
Estarei louco ou serão todos argonautas
Desapertam as cordas ao chegar da aurora
Berra o mestre do meio do mar
Padre nosso que estais no céu…

Nuno Monteiro

Foto: http://my.opera.com/tjfelix/blog/2008/02/25/o-porto-do-centro-da-invicta-ate-a-foz

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“ A cultura assusta muito. É uma coisa apavorante para os ditadores. Um povo que lê nunca será um povo de escravos.”

António Lobo Antunes

Prémio Histórico - Filosóficas