terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Borboleta errante

Do meu quarto olho ao longe e vejo-te ternura
abro as janelas de par em par
e deixo que entrem, deixo que me absorvam
absorvo intrépido o ar da manhã
e desço as pálpebras até me encontrar comigo

E então, então são as tágides
são as sereias
é o sonho
então só então sou marinheiro no teu mar interior

então só então entro sem bater
olho sem incomodar
trinco e aperto como se toda a minha vida
fosse depender do momento
fosse viver desse sentido
fosse alcançar as estrelas
os altos pináculos
onde tu vives
onde tu te ris

abro os olhos de par em par
e lá está a montanha
lá está a terra
lá estás tu alegórica poesia
lá estás tu amizade eterna
lá estás tu borboleta errante

Nuno Monteiro

Sem comentários:

“ A cultura assusta muito. É uma coisa apavorante para os ditadores. Um povo que lê nunca será um povo de escravos.”

António Lobo Antunes

Prémio Histórico - Filosóficas