quarta-feira, 3 de junho de 2009

O poema


Quando sorris
E és da cor do céu
Quando te tornas fado
Quando te tornas mais um ouvinte
Quando engoles toda a verde ilha
Quando amarfanhas dentro de ti toda a estrada e todo o caminho

As palavras são de repente de outra cor
As cores dos teus olhos variam
Os sorrisos são os sorrisos eternos de uma mulher deitada na cama
Os teus filhos estão ainda entre as estrelas
E tu baloiças ao som da valsa que te fez mulher

Sempre que sorris…
O verde resplandece ainda mais interrogativo
E tu só aprendes a viver livre
Suspiras liberdade e crês
Crês que o homem é são…
Que ele é imenso
E que a misericórdia é o fim

Repugnas um homem de ferros e de fornalhas
Repugnas o olhar de impotência dos vaporosos generais
Engalanados nos seus fatos de cerimónia.

Nuno Monteiro

1 comentário:

José Silva disse...

Verdadeiramente, um bom poema.

“ A cultura assusta muito. É uma coisa apavorante para os ditadores. Um povo que lê nunca será um povo de escravos.”

António Lobo Antunes

Prémio Histórico - Filosóficas