...- Ah, ah, ah! Mas o senhor é muito mordaz.
- Mordaz? Quer dizer maldoso? Sim, de maldoso tenho um pouco - consentiu Settembrini. - O meu maior desgosto é estar condenado a desperdiçar a minha maldade nestas míseras questões. Espero que não tenha nada contra a maldade, senhor engenheiro. Ela é, a meus olhos, a arma mais fulgurante da razão contra as forças das trevas e de tudo o que é feio. A maldade, meu caro, é o espírito da crítica e a crítica está na origem do progresso e das luzes.
Thomas Mann, A Montanha mágica, tradução de Gilda Lopes Encarnação, edição Dom Quixote