segunda-feira, 25 de maio de 2009

Ensaio sobre a ciência (CIÊNCIA)


E pronto. E foi desta. Foi… a rasteira. E eu grito aleluia! Mesmo não sendo católico. Mesmo não sendo. Tudo começou com um bendito concurso. As raparigas ainda acreditam… elas acreditam… e eu… eu refém de algo que nunca quis… de algo que julgava que abominaria. Antes de mais um pedido de desculpas. Que me anda atravessado desde há bastante tempo. Por causa dum raio dum berro… um berro que não deixou de o ser…

Entretanto pedem-me que façam um artigo científico. Ainda lhes perguntei sobre que era mas nada me quiseram adiantar. De modo que escreverei sobre ciência. Não saberei que ciência. Algumas culturas hidropónicas entrelaçadas com mandos e desmandos do psiquiatra de serviço. Que sou eu … quem mais. E o psiquiatra chama a atenção para a necessidade de se regarem as culturas. Excepto as que não precisem de rega. Água a mais estraga. Dá-lhe o bicho e aqui delrei. Aqui delrei. Aqui delrei. Delrei. Onde anda? Tenho esquecido que lhe devo ssavalagem. Tenho cá para mim que isso dos tropismos e dos tropenos… agora ouçam a matemática. Ouçam. Ouçam. E arquitectem uma questão. A questão. A rosa. A rainha. A inacessível bela quão bela envolta em negro envolta em masmorras. Os nossos patronos fidalgos fidagais.
O mundo não pode ser só ciência. O mundo não pode ser sem a ciência. O resto são pormenores. Entretanto faltam as tertúlias para vos ouvirmos a falar. faltam as vertentes duma melhor educação. Adiante que é capítulo non grato. adiante.
Saibam então que se misturarem anidro de sulforosporina com tetróxido de panaceia envolvem o mundo num triste lamento de chuva e de sulfonamidas. E de resto deixem precipitar com cefalosporinas. Ou tratem com benzodiazepinas. A propósito destas preciso eu e em dose cada vez mais elevada… dessas prestimosas aleivosias preciso eu. Plantas. Plantas é com etileno. Para amadurecerem os frutos. Porquê? porque desenvolvem uns pirros que não descansam enquanto não se deixam atacar pelo nemátodo da fogueira. O raios o partam. Metes-te dentro dum guarda-chuva de metal e postaste no alto do Marão num dia mau. E voilá! É ver a noite enrubescer enquanto se faz dia. De resto. De resto é seguir o protocolo atacando com pamoato. Pamoato de acetilato. Um acer alcoólico que transforma as bases em hidróxidos e que desfaz os pedregulhos. Porque os desidrata. Os desencanta. Os precipita. Cuidado com o precipitado. Cuidado com os recessos cuidado com as faúlhas do ingrato. Cuidado com as hilariantes desgraças dos gases nobres. Que por serem nobres se cobrem de ridículo. Dantes tratavam-se as minas com mercúrio. E espalhava-se bem espalhado por cima das escombreiras. Em linguagem de mineiro baixa lá a cabeça antes que testes pró tecto. Duma penada só - saltam as bruxas mais as suas garrrrggantuasssss. Chega um vento aloísio que se desfaz em pirros e leva-te a ti enorme gorgulho proteico para o meio do mar. agarra-te à dorsal se não conheceres mais nada. Que dorsssssallll. Que dorsssaaaallll. Que dorso! Sabes que o rinoceronte apaga os fogos do mato. Não não podemos soltar rinocerontes… são demasiados e demasiado inamovíveis para este nosso tão pobre espectáculo. Invasores. Heróis do mar… invasores. Heróis…
Ui que dores de cabeça. Trifene. Olha que não… a rapariga desata a rir. Trifene para as dores de cabeça! Porque se não atreve ele a resolver problemas de química. E até subiria os adutores da amazónia até encontrar os recessos rochosos dos cumes andinos. Ou pró fundo na imensa bacia por sobre os canhões. Por entre canhões. Ao fundo dos canhões a sedimentação dá uma rocha descaracterizada e altamente problemática designada turbidito. Ao fundo do canhão jaz inerte quase para todo o sempre o pequeno corpúsculo de turbidez. Quisesse o homem e ele seria doutro modo. Assim apregoa o todo-poderoso. Assim na terra. Da mesma forma enquanto azálea que sabemos ser trabalho de auxina. Saberemos. Sabemos. Ao fim do carreiro encontras uma bentonite tão branca tão branca tão branca. Ao fim da bentonite também encontras o carreiro. E entre os dois o homem de enxada. Aquela interjeição de sustentação. Aquele arfar de contentamento. Pela trela corria uma pequenina trilobite alvo da mais recente técnica de procriação. Actualismo. Olá cortazar. Olá Tenessee. Olá pequeno grande halo mecânico da gravitação. A barba. A barba. O sonho. A música. Não te escapas. Nunca mais te escaparás.

Da ciência… conheço um amontoado de palavras. Conheço um pecado de noções e de pústulas sem fim. Conheço demais. Conheço de menos. Sei lá se conheço. Não conheço os Andes. Não conheço a lua. Não conheço o céu. Não sei voar. Não sei traduzir. Nunca traduzi poeta algum.

Convido-vos a vós… sim convido-vos… a lerem. A lerem versos. Gedeão. Issso gedeão. Gedeão issso gedeão. Lágrima de preta. Para saberem então o que é a ciência. Para lhe saberem então dar o devido valor. Para que conheçam. Ler para conhecer.

Aqui ficam as minhas desculpas.
Aqui fica uma vez mais… aqui vos deixo o trabalho que me pediram… aqui fica este meu pequeno pecúlio… aqui… aqui Terra. Alô Marte. Alô Marte…

Obrigado meus alunos por me pedirem tanto. Obrigado por me chatearem tanto. Doutra forma nunca teria escrito isto. Agora façam favor e avaliem. Avaliem. Para saberem o que custa. Avaliem. Decidam. Sustentem a vossa disputa. Sustentem a vossa avaliação.

E se não escrevo mais não é porque não queira. É porque não tenho tempo. Mas não me esqueci de vós. Como me poderia esquecer de vós…

Mas não quero que deixem de estudar. Não quero que deixem de estudar. Não podem deixar de estudar. Não podem. Não podem deixar de o fazer. Também não podem deixar de sorrir…


P.S. o outro sujeito ooutrosujeitojazinerteemparteincerta. sejam misericordiosos!

Sem comentários:

“ A cultura assusta muito. É uma coisa apavorante para os ditadores. Um povo que lê nunca será um povo de escravos.”

António Lobo Antunes

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