terça-feira, 10 de novembro de 2009

Um sentido apelo ao muro


Hoje terei que afirmar o seguinte:

quanta hipocrisia! quanta hipocrisia leva o mundo! o mundo dos homens... Sim! caiu um muro... mas de imediato se levantaram outros. de imediato se ergueram outros. muros menos altos. muros mais largos. muros não tão compridos. ou muros mais compridos. seja como for. Muros. um mundo murado.

então alvíssaras à cor e ao dominó. morto um muro! nascidos outros. tantos! muros da vergonha. muros menos muros. muros mais muros. muros dentro das pessoas. muros dentro das cidades. muros cá por dentro.

num dia de chuva os homens do costume engalanando a morte dum muro... e entoando discursos! e palavras! prémios nobel. deslocações oficiais!

longe de mim desfazer a importância da queda do muro. mas humildemente afirmo que a mesma humanidade, consente, aceita, autoriza. outros. Mais Muros. Novas formas de muros. Muros sem aparência de muro. Mas com consistência de muro.

Não poderá nunca algum homem estar bem ou viver bem enquanto souber ou consentir ou autorizar que outro - por mais pequeno que seja! viva sufragado e explorado.

e hoje mais que nunca eu sei que isto faz sentido...
Nuno Monteiro

1 comentário:

Dina Cruz disse...

Para alguns, há muros que sempre serão muros. Mesmo caídos, desfeitos, serão muros.. Porque insistem em ver vedado o direito a ser quem são, a saltar os muros, os muros que têm dentro...
Os meus muros construo-os eu... Para que "esses", que vivem entre muros, não consigam nunca vislumbrar o que está para cá dos meus.

“ A cultura assusta muito. É uma coisa apavorante para os ditadores. Um povo que lê nunca será um povo de escravos.”

António Lobo Antunes

Prémio Histórico - Filosóficas