segunda-feira, 6 de abril de 2009

Para ti queria a pista mais bela




A montanha mais elevada
E a palavra mais bonita
A flor
És a flor
O canto das acácias
O calor de todo o céu
O normando corso de vermelho do fim do dia
O índio peruano que olha a montanha sagrada
O santo milagre que brota da raiz da árvore milenária
E para ti a pista mais bonita
A salga mais salgada
A íris azul da bochecha inflada
Os pés e a vulva
Os cachos de vinho que te ensombram a fronde
Todos os aviões do céu
Todos os cometas risíveis e indivisíveis

Pedra enfeite e adorno dona de um mundo subterrâneo dona de mil subterfúgios
Vê em mim todos os teus filhos e acomete-os da loucura da palavra
Da sinecura do ácido
Da sinagoga quente de teus lábios grossos.


Nuno Monteiro

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“ A cultura assusta muito. É uma coisa apavorante para os ditadores. Um povo que lê nunca será um povo de escravos.”

António Lobo Antunes

Prémio Histórico - Filosóficas