Sou uma pequena luz numa terra tão obscura, sinto o branco na tua face, os meus lábios nos teus lábios, louvo olhos onde não existem sequer sombras, és dona duma estrada longa e larga, acaricias o gato e olha-lo de ternura como se tivesses acabado de sair da discoteca e não é que sim, do outro lado da rua fica a discoteca e eu, uma pequena luz do lado de cá do vidro fosco, fico de pé, indefinidamente, placidamente, sorrateiramente, olhando em frente, olhando-te. Porquê? Ainda perguntas… depois do mundo, após a noite e todo o vento, nesta terra tão obscura, amo os teus lábios e louvo-te os olhos quando me olham como se eu não fosse mais que um poeta. Por isso. E porque, por vezes, ao alçares o olhar, não me encontras a mim mas sim à noite que encarno. Nada mais existe nem dentro nem fora de ti e no entanto, tudo o que tu és. Tudo o que tu és… eu? Eu sou apenas uma luz escandinava! Uma pintura verde no céu estrelado. Todo eu sou fome e todo eu sou horrores…
Nuno Monteiro