sábado, 4 de setembro de 2010

Eu hei-de amar uma pedra, poemários


Nas tuas mãos duas um coração. Poucomaisqueanelembasalto. E as praias que borbulham segredos ao fim da tarde, as vidas que enlaçam como círculos, num nunca mais parar de costa… É do mar que vem um enorme espelho? É do mar que chega um sonoro sopro? Um bafo de escadas ao fim das quais a língua de areia que te espreita as pernas. Uma praia escrita poema. Tal como a luz. E por força dos olhos, a foto. Um pungente abraço. A água fria que cristalina a epopeia e torna escuro o chapinhar vermelho, de tuas algas, de teus cabelos. Esse coração de xisto, preso entre teus dedos deambulara, perdido, antes e depois do tempo. Guardaste-o? Gosto. Gosto do coração que segura as mãos. A foto que fecha a foto é isso mesmo, uma moldura de basalto com forma de Marão. Milhões de anos antes…

Nuno Monteiro

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“ A cultura assusta muito. É uma coisa apavorante para os ditadores. Um povo que lê nunca será um povo de escravos.”

António Lobo Antunes

Prémio Histórico - Filosóficas