domingo, 15 de agosto de 2010

Ana Paula, óleo sobre tela

É de noite quando as ruas gemem
Meditam
Algures, barcos esquecem da altivez do tempo
Telas informes
De nenúfares e prazeres
Em tom de castanho, envolvida em cacau, numa toada morna, salgada
(Os barcos)
Mudam o nome
E rezam:
Ana Paula
Pouco falta!
Bebe do copo a última gota
Um pé fora da chinela
E um sorriso tonto
Pinta-me um céu de meteoros…
Lânguida,
Do mescal
Deitar-se-á na areia
Envolverá o seio, com uma mão esquírola, vermelha, algaça
E quedar-se-á
Retirem a luz do mundo…
Quero sentir-me repleta!
E da tela
Pinga um óleo, que como chocolate
Lhe tisna o rosto
Sobra o pé, balançando, infinito, longo e largo, indecente…
Num avanço sobre o espelho…
um lampião de alma, atiçado em brasa.

Nuno Monteiro

Sem comentários:

“ A cultura assusta muito. É uma coisa apavorante para os ditadores. Um povo que lê nunca será um povo de escravos.”

António Lobo Antunes

Prémio Histórico - Filosóficas