Chove. Amainou o vento e ela agora cai, direitinha do céu. Toca o chão e transborda para dentro de mim. Eu, invariavelmente irradio e verto escorreito para este papel electrónico. É isso! Arrastei minhas raízes até esta terra amaldiçoada e agora verto estas que foram as minhas últimas lágrimas. Não temais mais! Não tenho quem me agrade e nem há quem me aceite. A água arrasta os rios para o fundo dos mares. Cheta? Nem vê-la. Resta Paris. Paris deambulada durante a noite. É de borla. Uma página por dia deverá render-me uma refeição diária…
Chove abundantemente. Os ratos correm à procura de abrigo. Vão todos para debaixo das pontes. Insuportável eu lá ficar. Qual é a lembrança mais pequena que tens?… levanta-se um vento caótico… Quisera que tudo não passasse de um aguaceiro, aceita estas que são as minhas últimas lágrimas. Sr. redactor fotografei o Outono. Um Euro por cor? O meu avô, nas escadas, contando histórias… não te lembras dele pois não, pois não, mais terno ainda, imagino-o.
Nuno Monteiro
2 comentários:
As lembranças mais pequenas que tenho são:
a de tentar erguer um papagaio de papel, que o meu pai, com o maior esmero, construiu para mim...
a de, sentada no chão da cozinha, num dia muito frio de Inverno, brincar às vizinhas com a minha mãe...
a de subir a uma oliveira no terreiro da minha avó, pendurar-me de cabeça para baixo, e de ver a pobre velhinha correr, aflita, de mãos no ar...
a de me esconder no meio de uma seara e ficar lá horas, sozinha, a ouvir as cigarras e o cantar das espigas a dançar ao vento...
Gosto muito do teu pai...
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