quinta-feira, 4 de novembro de 2010

"Scout"

Scout era uma pequenita descalça que chegava sempre atrasada à escola. O estilo olhos aventureiros corpo franzino e cabelo desalinhado contados que estavam doze anitos. Havia a escola e havia a matemática, havia o recreio e o caminho de terra que percorria só, ou acompanhada de Pedro… Porque Scout ainda não o sabia mas crescesse desataria com críticas de adulto do género, meu deus, mas será que esta escola me interessa se me cortam a criatividade e se me obrigam a calçar sapatos duros e tensos… ou ainda em criança, Pedro, vamos tomar aquele atalho e o barco nunca mais acabava, Olha Pedro, conheces a árvore da bruxa, vamos lá ter com ela e a conversa não mais terminava, caída a noite, lá vinha Atticus, um pai gigante, Scout, direitinha para casa, e se lhe dizia palavras duras os olhos diziam brandura e confiança, como quem soletra Tu és tudo o que eu sou, aprenderás o mundo e farás uma cabana na árvore. Deixar-te-ei lá dormir a primeira noite. Scout adormecia feliz. Não sem antes lhe perguntar Pai, julgas que esta escola me fará bem, quem deverá valer mais, os olhos e o ímpeto que eu sou ou o número que jaz por detrás de mim. Atticus calado. dEUS meu, que esta rapariga se imponha perante a vida…

Ainda e durante tanto tempo a propósito da Harper Lee!

Nuno Monteiro

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“ A cultura assusta muito. É uma coisa apavorante para os ditadores. Um povo que lê nunca será um povo de escravos.”

António Lobo Antunes

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