Cabelo cinza, homem idoso novo, grande por dentro e por fora. Um acabrunhado coração, um sorriso bonacheiroso e um ardor no olhar. Olhos que olhavam para detrás, para donde estavam escondidas as verdades. Dedos borratados de restos de tintas. Dias houve em que o senti a sofrer quase chorando. Noutros dias mostrava-se expansivo, alegre e então, então fazia rir os outros. Pintava cores e arcos e mulheres e tambores e chão e temores do seu país de cores. Exagerava a forma e sorriria sempre que vendia um quadro. Era quando dizia a vida é feita de separação e eu estarrecia já que não o compreendia. Caminhava por aí destituído de inveja. Este homem separava-se dum quadro dele tal e qual eu abraçaria uma flor. Inv eja seria querê-los todos nas minhas paredes! E após uma ligeiríssima pausa dizer: É que não tenho assim tantas…
Para o Malangatana, um da minha terra
Nuno Monteiro
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