domingo, 19 de dezembro de 2010

Os cardos do Baragan

Com a chegada de Setembro, as vastas planícies incultas da Valáquia danubiana decidem viver durante um mês a sua existência milenária.
Isto começa precisamente no dia de São Pantelimão. Nesse dia, o vento da Rússia, entre nós chamado muscal ou crivatz, varre com o seu hálito de gelo as extensões imensas, mas porque a terra ainda queima como um forno, o muscal perde ali alguns dentes. Não importa: desde há dias sonhadora, a cegonha assesta o olho vermelho no que lhe faz carícias ao arrepio das penas, e porque detesta o moscovita parte para regiões mais clementes.

Os Cardos do Baragan, Panait Istrati, Assírio e Alvim, tradução de Aníbal Fernandes

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“ A cultura assusta muito. É uma coisa apavorante para os ditadores. Um povo que lê nunca será um povo de escravos.”

António Lobo Antunes

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